Me disseram hoje que o sol não vai mais nascer. Fiquei tão
desesperada que fui correndo pra casa. Quando cheguei, estava lá, a casa vazia.
Entrei e comecei a procurar meus irmãos, um de cada vez, eu tinha feito uma
lista mentalmente. Fui à cozinha, onde com toda certeza alguém estaria
esperando por mim, a mamãe. Mas nem ela estava lá. Era como eu havia dito - vazia.
Mas como? Precisava fazer alguma coisa, afinal, como viveríamos sem o sol daqui
em diante? Elas que faziam valer cada minuto quando estava cansada de buscar
água no poço, elas que me de alguma maneira me davam esperança para poder
continuar a caminhar descalça pelo barro.
Depois de um tempo sozinha, fui procurar o Adolfo. Entrei na
sua casinha e ali fiquei. Ele também não estava mais. Acho que foram embora e
me deixaram para trás. Será que eu devo ir atrás? Mas para onde eles poderiam
ter ido? Nessa hora eu escutei um barulho que vinha do meu quarto. Bati a minha
cabeça na quina na casa do Adolfo, corri até a cozinha peguei a colher de pau
da mamãe e fui até a porta que já estava fechada. Fui andando olhando
profundamente todos os cômodos que apareciam. Escutei novamente o barulho e me
agachei atrás do sofá, de canto de olho percebe que tinha alguma coisa no
quarto dos meus irmãos. Levantei e bem devagarzinho fui até a porta deles.
Empurrei a porta e sair correndo de medo. Depois de um tempo voltei até o
quarto e resolvi olhar se realmente havia alguém lá dentro. Nada. Sai com mais
medo ainda, fechei a porta, fui para sala e nada. Voltei para a porta virei
para frente e vi o resto do corredor. Não Sabia se olhava para o fim do
corredor ou se olhava para trás, com medo de que a coisa misteriosa me pregasse
uma peça por trás. Dei alguns passos e percebe que a coisa estava dentro do meu
quarto. Encostada na parede do corredor fui me arrastando até o final do
corredor. Segurei na maçaneta como se
prendesse o que estivesse lá dentro, do outro lado da porta. Por medo. Mesmo
assim eu precisava terminar aquilo e encontrar a minha família. Empurrei a
porta e gritei de olhos fechados. Depois de um tempo curto, abrir os olhos e
percebe que dentro do meu quarto havia uma luz muito forte. Tomei coragem e comecei
a entrar. Olhava para todos os lados inclusive para trás. Entrei e fechei a
porta, para não correr riscos. A luz me incomodava bastante e ela estava vindo
debaixo da minha cama. Um pouco distante, deitei no chão e vi o que era.
Rapidamente outro barulho, alguém havia entrado na minha casa! Levantei abrir a
porta do quarto e vi. Eram meus irmãos brincando pela sala, minha mãe
cozinhando e minha avó costurando na varandinha. Achei estranho e fui novamente
para casa do Adolfo, mas ele estava lá, dormindo como um anjo. É, um anjo. Foi
quando eu percebe o que havia acontecido. E agora? Como eu levo o sol de volta
para o céu?
Mais uma de Amor.
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