quarta-feira, dezembro 21
segunda-feira, dezembro 19
segunda-feira, dezembro 12
Mais uma de Amor
eu quero escrever, não sei se vou mostrar, mas eu quero que você venha comigo... não precisa ser todo dia.
domingo, dezembro 11
Kerinduan, deixe-a falar...
Em uma sala simples de terapia, com apenas uma janela do lado de uma
prateleira de livros. Encontra-se na sala um divã acolchoado e escuro, na sua
frente uma poltrona do mesmo estilo. A luz da sala está apagada, pois ainda é fim
de tarde.
A Terapeuta: Olá, tudo bem? Como foi o seu dia? (pausa) Bom, hoje sua tia me trouxe alguns desenhos que você fez
para sua mãe... Há um tempo atrás. Estão um pouco velhos, mas acho que nem você
lembrava-se deles não é? (mostra alguns
desenhos) São muito bonitos, você é uma artista Ana Lua (pausa) Não quer
dar uma olhada neles? (entrega os
desenhos, um tempo depois Ana Lua começa a olhar os desenhos e um a surpreende)
Ana Lua: Eu sonhei com esse hoje... (mostrando)
A Terapeuta: Sonhou?
Ana Lua: (olhando para o
desenho) A gente viajou pra lá semana passada (levanta a cabeça).
A Terapeuta: A gente? Quem?
Ana Lua: Eu, a Mamãe e o João.
A Terapeuta: (sem
compreender) Me conta (pausa)
sobre a viagem.
Ana Lua: Bem, sentei ao lado dela, como todos os domingos. E
comecei a lhe contar todo meu caminho até chegar a ela, como sempre faço.
Comecei falando do quanto o sol brilhava naquele dia e mesmo com o calor que
fazia os passarinhos voavam como se o vento acompanhasse o movimento do sol, e
sabe (pausa) acho que eles não
sentiam o calor. Depois contei o quão de sorveteiro tinha pelas ruas, quantas
pessoas dizendo bom dia ao mesmo tempo e a quantidade de gargalhadas que se
ouvia no espaço. O desenho? Isso veio bem antes. Sonhei com ele várias vezes,
mas só pude ir pra lá semana passada (olha
o desenho na mão da Terapeuta) Kerinduan. Depois sentei do lado da minha
Mãe. Comecei a contar sobre o meu novo sonho com ele. E lá ele me mostrava esse
desenho e me levava pra lá. Estava eu, ele e a Mamãe. Sempre que ia contar uma
nova história sobre ele, ela sorria. Eu sei disso porque sinto. Todo domingo eu
vou lá contar uma história nova e saiu desejando sonhar com meu irmão, para
depois contar pra ela. Escutei que quanto mais feliz ela ficar mais rápido ela
vai voltar pra casa e vai sorrir pra eu poder ver. Semana passada, quando
sonhei de novo com o desenho ele falou comigo e a Mamãe sorriu pra mim. A gente
estava no rio Kerinduan, a Mamãe ia lá todo sempre comigo nas histórias.
Nadamos tão fundo dessa vez que conseguíamos ver a curva do globo da terra.
Estava ficando tarde (olha para janela)
e a gente tinha que subir, mas eu queria ficar. Demorou e tive que subir de
novo. A Mamãe de lá de cima havia prometido que voltaríamos lá, mas nunca mais
eu fui. Dessa vez o João não subiu com a gente. Acho que preferiu ver o que
tinha do outro lado do globo (volta a
olhar pra Terapeuta). No sonho ele me disse que dava para enxergar o Teatro
Municipal. Nunca perdoei a minha Mãe por isso. Depois dessa viagem, a gente
fingia que o João estava lá, na Kerinduan, e eu sei que está (rir) Ele resolveu foi me enviar sonhos
de lá do Teatro Municipal. Quando disse pra Mamãe isso até um presente ela me
deu: Uma caixinha de música (tira do
bolso a caixinha e mostra) Não toca, está velha e acabada por sinal, mas
dentro tem uma coisa muito mais especial (olhando
pra caixinha) Kerinduan.
(o tempo da terapia se esgota e a menina Ana Lua vai embora, perplexa a
terapeuta a leva até a porta e volta a sentar na poltrona).
A Assistente: (entrando na
sala) O que houve? Demoraram tanto que achei que algo havia acontecido com
ela.
A Terapeuta: (concentrada na
janela) Ela falou.
A Assistente: Como?
A Terapeuta: (vai até a
janela e vê a menina indo embora com a Tia) Me contou de um lugar chamado
Kerinduan, lá o sol brilhava e as pessoas viviam em felicidade plena. Disse que
viajou pra lá semana passada com o irmão e a Mãe (pausa), o incrível é que ela não falou nada sobre a tia com quem
vive.
A Assistente: (arrumando os
desenhos) Mas isso é impossível.
A Terapeuta: (voltando-se
para A Assistente) Como?
A Assistente: (olha para A
Terapeuta) A mãe dela está internada em um hospital psiquiátrico já faz
mais de dois anos por conta da perda do filho João. Ele morreu afogado já faz
uns cinco anos (A Terapeuta, perplexa,
senta no divã) Tenho que ir agora, aqui está a pasta da Ana Lua, já me
atrasei passando aqui. Vemos-nos mais tarde.
A Terapeuta: (desconcertada)
Está bem.
A Assistente: (segurando a
maçaneta da porta e olhando para A Terapeuta) Ah! E por acaso, semana
passada você estava na Califórnia e fazia muito sol. Aqui chovia muito, não
tinha um pé de gente na rua (sai).
Mais uma de Amor
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