sábado, outubro 11

De(lírio)s





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É tarde, ainda estamos em abril. Eu acordo assustada pelo sonho que vem me assombrando a meses. Nele, estou caminhando pelas ruas de Paris procurando onde enfiar a minha face naquela noite. Também era tarde e sentia muito frio. Caminhava como se soubesse onde queria chegar. Avistava no final da rua um corpo encostado no poste que fazia a sombra da silhueta dos seus quadris. Humildes quadris. Eu me aproximava mais e a sombra diminuia, enquanto a minha aumentava ao redor da estrada. Chego perto, suspiro e não há ninguém, só à marca de cimento no chão. Aos poucos eu decido voltar e continuar de onde havia começado. Mas quando eu volto não há mais nada, nem rua, nem estrada e nem mesmo as luzes de Paris. Ai eu sufoco. Começo a perder primeiro a fala, depois sinto uma enorme dor no estômago, vou caindo e morro. Esse é o momento que eu me assusto e acordo chorando. Eu choro até não aguentar mais, até os meus olhos ficarem chineses. Então começo a escrever sobre uma dor que me move, sobre Freud e seus limites sexuais. Quando você não dorme o que faz? Eu sonho.


Mais uma de Amor.