1999.
Agosto - daquele dia.
Uma história que não
tem mais fim, ela volta. E volta, e volta... E... Volta. Já se passaram quase 9
dias e ela não volta. A sensação não é de perda. A sensação não é de ganho. A
sensação é insensível. 9 dias.
Ela entrou me olhou e
disse que queria sair. Eu olhei pra ela e nada disse, como se nada tivesse
acontecido voltei para o quarto e com olhos ela me acompanhou. Mesmo que eu não
estivesse olhando-a nos olhos, de alguma forma ela conseguia me enxergar.
Talvez eu estivesse tão transparente a esse ponto, talvez ela estivesse
enxergando demais.
Como se fosse um ser
invisível ela pedia de todas as formas para que eu a deixasse. E de todas as
formas eu a fazia sentar. Ela não queria mais. Já estava cansada, ela disse.
Depois de 9 minutos esperando na porta, ela entrou, segurou meu rosto e disse:
Me deixa. Ali eu percebi que ela só iria embora se eu a deixasse ir. Depois
disso eu a segurei pelos braços, fiz com que ela se sentasse na cama... E ela
me acompanhava. Em 9 segundos ela sentou, e em mais 9 ela não mais aguentou.
Deitou e deixou que eu a levasse para casa.
Depois de derramar
exatamente 9 lágrimas.
Eu a fiz levantar, eu a
fiz arrumar as roupas, eu a fiz enxugar aquelas lágrimas, eu a fiz... Segurou
forte a maçaneta da porta, deixou as chaves, novinhas aquelas, em cima da TV e
como ela mesma diria p’ra mim se estivesse aqui, cantou. Eu amo você.
Saiu pela porta
correndo, deixou cair todas as roupas pela escada, deixou o retrato quebrar,
tropeçou, caiu, chorou e gritou! Me deixe ir. E de lá de cima, silenciosamente
segurei a maçaneta da porta, fechei com as chaves, 9... Novinhas aquelas. E a
deixei voar.
Mais uma de Amor.