Eu danço com a música do tempo. Eu faço com ou
sem música. Eu choro com ou sem motivo. Eu mergulho pra me sentir sereia e
entendo que sou parte do mar. Eu vivo intensamente os meus amores para não me
arrepender do que não fiz para que existisse paixão. Eu acredito no amor e vivo
por ele. Eu sinto a felicidade e busco por ela todos os dias dentro de mim. Eu
como o que me dá vontade, posso me arrepender uma vez ou outra, mas eu já comi
e fico bem. Costumo emagrecer e engordar e emagrecer com frequência, culpa da
minha ansiedade pré e pós escrita. Eu sinto uma fome que parece não ser só
minha, parece ser de todas as mulheres que gostariam de viver mais por elas,
para elas. É uma fome que não finda, que não acaba que se renova a cada
amanhecer e a cada nova face. Eu assisto ao mesmo filme várias vezes, sou capaz
de ver o mesmo umas três vezes no dia. Tenho grande apresso por comédia e
histórias de terror, mas não consigo terminar uma frase que seja nesse intuito,
só me vem à vontade de escrever o que eu vivo de mais intensamente. Gosto de
escrever sobre os meses, pelos meses. Acompanho as fases da lua e cada dia
estou de afeto com um planeta. O que me resta é ler o horóscopo todos os dias
no jornal e perceber que tudo está tão igual. Costumo guardar dinheiro e só encontrar
depois dentro do bolso do jeans, bem lavadinho. Eu acredito em deuses, fadas,
ninfas e afins. Sou metade homem e por vezes sertanejo. Rezo todos os dias, às
vezes até dormindo. E mesmo que eu sofra baixinho dentro de mim pulsa uma
agonia frenética que escorre pelos meus dedos e me causa múltiplos orgasmos
literários. Eu não quero que você sofra quando me lê, não quero ibope, só quero
que você me conheça e perceba algo de mim em você.
Mais uma de Amor.
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